Sou essa água
Que não pode ficar parada
Azeda
Transmite as mais diversas
Doenças
A tranquilidade não me acalma
Contamina
Engulo os dentes
Na implosão de uma palavra
Meu equilíbrio se abala
Quando tudo para
De girar
É sempre preciso
Mais
Vertigo
E se acabarem os motivos
Reviro
Meu lixo
Everton Behenck
sexta-feira, 22 de maio de 2009
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
blue moon
imagem "blue moon over manhattan"
© http://flickr.com/photos/atomicshark
olhar atento ao
mínimo
detalhe [intro]
olhar perito ao
auscultar o íntimo
e dissecar a fonte
olhar com tato de
lente que sente
ledos relevos
na ponta dos dedos
olhar clínico a
percorrer caminhos entre
vertentes vãos viéses
olhar de vacilo
se os desvãos do olho
nu anunciam [tu -
com tudo - e teu
azul mais cínico]
e não desvio
o
contido
no vaivém
dos cílios
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Acidez
Eis que caí em mim
E me vi raso, seco
Ácido
Eu que sempre
Olhei espelhos
Pra te ver assim
Voante
Que sempre
Atravanquei estantes
Com livros raros
E flores de papel
Eu que sempre
Cantei mentiras
Pra me ter assim
Errante
Que sempre
Entulhei minha alma
De promessas
E revoluções
Agora que caio em mim
Me vejo assim
Raso
Seco
Ácido
Victor Barone
imagem: daqui
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
poetriz
dentro de mim
mora uma vadia
que trepa com rimas
a troco de poesia
dentro de mim
habita uma pueta
que de esquina em esquina
se estrepa em estrofes
(só se fode)
dentro de mim avança
essa mulher à margem
: à minha imagem
e semelhança
valéria tarelho
mora uma vadia
que trepa com rimas
a troco de poesia
dentro de mim
habita uma pueta
que de esquina em esquina
se estrepa em estrofes
(só se fode)
dentro de mim avança
essa mulher à margem
: à minha imagem
e semelhança
valéria tarelho
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Robert Creeley
The Language
Locate I
love you some-
where in
teeth and
eyes, bite
it but
take care not
to hurt, you
want so
much so
little. Words
say everything.
I
love you
again,
then what
is emptiness
for. To
fill, fill.
I heard words
and words full
of holes
aching. Speech
is a mouth.
A Linguagem
Perceba Eu
te amo algum
lugar en-
tre dentes e
olhos, morda
mas
tome cuidado
para não ferir,
você tão
pouco quer tan-
to. Palavras
dizem tudo.
Eu
te amo
de novo,
o que
é vazio
para. Pre-
encher. Encher.
Ouvi palavras
e palavras cheias
de buracos
doendo. Fala
é a boca.
© 1987 Robert Creeley
tradução: Régis Bonvicino
Locate I
love you some-
where in
teeth and
eyes, bite
it but
take care not
to hurt, you
want so
much so
little. Words
say everything.
I
love you
again,
then what
is emptiness
for. To
fill, fill.
I heard words
and words full
of holes
aching. Speech
is a mouth.
A Linguagem
Perceba Eu
te amo algum
lugar en-
tre dentes e
olhos, morda
mas
tome cuidado
para não ferir,
você tão
pouco quer tan-
to. Palavras
dizem tudo.
Eu
te amo
de novo,
o que
é vazio
para. Pre-
encher. Encher.
Ouvi palavras
e palavras cheias
de buracos
doendo. Fala
é a boca.
© 1987 Robert Creeley
tradução: Régis Bonvicino
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quinta-feira, 9 de outubro de 2008
intro-
sua
glande
lábia
sua
pará_
bola
seu
veneno
...grandes
e pequenos
lábios
valéria tarelho
glande
lábia
sua
pará_
bola
seu
veneno
...grandes
e pequenos
lábios
valéria tarelho
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segunda-feira, 6 de outubro de 2008
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
jeans
A carne forçada
sob a calça jeans
quase explode
querendo sair.
O tecido vibra
fibra a fibra
trêmula grade
implodido jardim.
Enquanto a carne
flora pura
implora em si.
© Frederico Barbosa
do livro: "Contracorrente", Ed. Iluminuras, 2000, SP
sob a calça jeans
quase explode
querendo sair.
O tecido vibra
fibra a fibra
trêmula grade
implodido jardim.
Enquanto a carne
flora pura
implora em si.
© Frederico Barbosa
do livro: "Contracorrente", Ed. Iluminuras, 2000, SP
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
pouco me lixando
meu verso é lixo
e recolho pelo chão da sala
pelo piso da cozinha, atrás dos móveis
por debaixo dos tapetes
em meio a restos de tão pouco
montanhas e mais montanhas de ainda menos
nas prateleiras não há nada, leve o quanto quiser.
minha rua é um deserto
a vizinhança é o meu peito aberto
cravado de balas e migalhas de biscoito
estou sempre convidado a beber meu chá das oito
que às cinco é outra droga, algum esterco tipo oriental
e das seis às sete pratico yôga e me perco no quintal.
eu sou meu próprio eco, meu reflexo no espelho
é quando a deus mais me assemelho
eu sou meu lar
doce e amargo endereço, qualquer lugar
sou eu mesmo a qualquer preço
respiro meu próprio ar
eu sou meus versos, sou todos os meus lados
meus passados passos reciclados
-prazer, me chamam rodrigo!
eu sou tudo que trago comigo
e não descarto por puro romantismo.
sou mesmo isso
sou meu mais nobre e repugnante monte de lixo.
© rodrigo mebs
e recolho pelo chão da sala
pelo piso da cozinha, atrás dos móveis
por debaixo dos tapetes
em meio a restos de tão pouco
montanhas e mais montanhas de ainda menos
nas prateleiras não há nada, leve o quanto quiser.
minha rua é um deserto
a vizinhança é o meu peito aberto
cravado de balas e migalhas de biscoito
estou sempre convidado a beber meu chá das oito
que às cinco é outra droga, algum esterco tipo oriental
e das seis às sete pratico yôga e me perco no quintal.
eu sou meu próprio eco, meu reflexo no espelho
é quando a deus mais me assemelho
eu sou meu lar
doce e amargo endereço, qualquer lugar
sou eu mesmo a qualquer preço
respiro meu próprio ar
eu sou meus versos, sou todos os meus lados
meus passados passos reciclados
-prazer, me chamam rodrigo!
eu sou tudo que trago comigo
e não descarto por puro romantismo.
sou mesmo isso
sou meu mais nobre e repugnante monte de lixo.
© rodrigo mebs
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
umbigo
umbigo:
entremeio obscuro
furo
entre fenda e seios
senda
da sua libido
vereda
em que passeiam
língua e dedos
orifício
que permeia
o desejo
poço
a um passo
de meu sexo
valéria tarelho
publicado no Livro da Tribo 2005 pgs. 170/171
ilustração de José Carlos Martinêz,
especialmente para a agenda
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